SUITE CABOCLA

Hoje um dia maravilhoso com o projeto Suite Cabocla, um sentimento único que a viola pode nos dar na música erudita. Prestigio do cineastra Reinaldo Volpato, do escritor Romildo Santana e o violeiro Renato Gagliardi, demais.

SUÍTE CABOCLA Instrumento musical que faz parte do DNA da cultura popular brasileira, a viola caipira conquista o universo sinfônico por meio do projeto SUÍTE CABOCLA, idealizado pelo músico Renato Gagliardi. A proposta é difundir a viola caipira na música erudita, evidenciando sua pertinência como instrumento de concerto. Resultado de mais de 15 anos de pesquisa sobre a musicalidade do instrumento que dá voz a alma do homem originário do campo, o projeto SUÍTE CABOCLA desenvolve uma série de concertos que rompem as fronteiras entre o erudito e o popular, apresentando composições inéditas, arranjos e releituras de obras clássicas. O projeto SUÍTE CABOCLA propõe o acesso a obras musicais importantes para a cultura universal por meio de um instrumento folclórico fortemente ligado à identidade cultural do público ao qual os concertos são dedicados. Em contato com composições de nomes como Villa-Lobos, Beethoven, Bach e outros ícones da música clássica, pessoas de diferentes gerações são convidadas a desvendar outra face da viola caipira. Tipo de composição pautado pela sucessão de peças ou andamentos musicais (danças), a suíte despontou como o formato ideal para um concerto de viola caipira ladeado por quarteto de cordas, contrabaixo e percussão. Assim, o repertório promove o contato com obras de diferentes épocas e estilos, apresentadas em conceitos que enaltecem toda a erudição do universo caboclo. A VIOLA A viola caipira – também conhecida como viola sertaneja, viola cabocla e viola brasileira – é o instrumento de cordas mais presente na cultura musical popular do Brasil. Ela conta com diferentes sistemas de afinação, característicos de cada região do país e elaborados pelos próprios instrumentistas, o que lhe imprime um caráter autodidata. Um conhecimento musical compartilhado por gerações e gerações.

A origem da viola caipira está ligada às violas portuguesas, oriundas de instrumentos árabes como o alaúde. As violas portuguesas chegaram ao Brasil trazidas por colonos, passando a serem usadas pelos jesuítas na catequese de indígenas, principalmente dos curumins, as crianças. Apresentada ao homem do campo, em pouco tempo começou a ser construída pelos próprios caboclos, ajaezando sua voz para enaltecer a terra, a vida rural, os amores e a religiosidade. A viola caipira, mãe de todas as violarias, tem características muito semelhantes às do violão. Tanto no formato quanto na disposição das cordas (10 cordas, dispostas em 5 pares) e acústica. Existem diversos tipos de afinações para este instrumento, sendo utilizados de acordo com a preferência do violeiro. As mais conhecidas são Cebolão, Rio Abaixo, Boiadeira e Natural. A viola é o símbolo original da música sertaneja de raiz, o instrumento das populares modas-de-viola, verdadeiras histórias compartilhadas pelo homem do campo através da música. As canções entoadas em suas cordas atravessaram décadas e gerações e até hoje estão presentes no dia-a-dia da cultura brasileira. O VIOLEIRO

Renato Gagliardi é músico graduado pela Universidade Federal de Goiás (1992) e dedica boa parte de sua trajetória artística à pesquisa sobre a viola caipira. O resultado dessa pesquisa dá vida ao projeto “Suíte Cabocla”, do qual é idealizador e diretor musical. Na juventude, estudou contrabaixo acústico no Conservatório de Tatuí, onde participou por três anos como instrumentista da Orquestra Jovem. Começou a vida profissional como contrabaixista na Orquestra Filarmônica do Estado de Goiás, por meio de concurso público, atuando entre os anos de 1988 e 1994. Foi exatamente neste período que iniciou os seus estudos sobre o universo musical da viola caipira. Como violeiro, idealizou o projeto “Madeira e Vento”, sua primeira iniciativa para a união da viola caipira aos instrumentos sinfônicos. Em 1997 e 1998, numa turnê pela Itália e Suíça, trabalhou na divulgação de sua pesquisa. De volta ao Brasil, fixou-se em São José do Rio Preto para montar uma orquestra de viola caipira. Atualmente, Renato Gagliardi também atua como contrabaixista na Orquestra Sinfônica de Barretos. Um de seus grandes trabalhos foi na abertura do rodeio internacional de Barretos, no ano de 2006, tocando o Hino Nacional com viola caipira e acompanhado da Orquestra Sinfônica Municipal de Barretos.•. www.renatogagliardi.mus.br